quinta-feira, 9 de junho de 2011

V

Devido ao último post, creio que devo explicações.

Por que eu tenho esse blog? Eu gosto sim, que as pessoas leiam. Gosto que as pessoas comentem, dentro ou fora da rede, e tive uma ilusão passada de que talvez esse blog se tornasse popular e que as pessoas percebessem o quanto sou sensível e parecido com elas. Inspirando, talvez, uns e adquirindo o nojo de outros.

Mas a verdade, que ela se foda com todo o resto, é que eu não consigo. Era pra ser um troço literário por excelência e não por uma necessidade de ocultar minha auto-piedade de uma forma injusta e equivocada comigo mesmo.

Não sei me expressar, as pessoas não me entendem. Numa tentativa idiota de subverter minhas sensações em linhas eu transformo o mundo em bosta. A minha percepção do mundo é tão distorcida que parece um pastel de queijo depois de passar por todo o sistema digestivo: bosta. A merda é a única coisa que eu consigo compreender. Última, como todo post meu, ela tem um fim em si mesma, e essa porra de blog é, mais uma vez, o vaso onde eu cago tudo isso. Quem lê, eu esfrego a bunda na cara, é o papel.

Pra fazer esse esforço imbecil eu desconstruo o mundo. Na tentativa de entender ele com essa mente aparvalhada e cheia de coisas inúteis eu tenho que reduzir ele à minha realidade de excremento. Assim, se eu devoro uma rosa, tentando buscar o cheiro, a cor, a textura e uma realidade de primavera, eu mastigo e ela perde a cor. O estômago amassa e ela perde a textura. O intestino grosso libera ácidos e ela perde a primavera. Ela se instala no reto, perde o cheiro e espera até que eu venha aqui afrouxar os músculos que já doem, esperando alívio.

De que adianta eu vir aqui, defecar tudo isso? Ninguém me entende caralho! E daí que eu não superei a fase anal do Freud? E daí que eu não superei a solidão dos 15? Não dou tchauzinho pro meu cocô e nem fico me lamentando por coisas pequenas na maior parte dos casos. Mas às vezes a massa fecal é importante, eu gostaria que sentissem o mesmo cheiro que eu sinto.

Olha, quer saber, eu surtei. Odeio essa palavra.

Não consigo escrever mais nada.

Um comentário:

  1. Foi dessa visão distorcida que surgiu o panqueca de queijo?
    Expressar-se é um exercício que às vezes leva tempo para se fazer com qualidade. Mas, pelo que percebi, o problema não é tu não te expressar como deveria, mas alguém não te entender como esperado. Beirar a misantropia não parece ser uma via muito eficaz, Az.

    Se quiser conversar sobre isso, entra no msn
    cuida-te, guri

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