sábado, 30 de outubro de 2010

Ah sim, eu nunca começo de onde parei.

"A pior parte é o primeiro capítulo..." Mas e quando você já escreveu ele MESES atrás? Ontem, no curso de arqueologia, aprendi sobre um cara chamado Ludwig von Bertalanffy. Na real, eu já conhecia ele, de um espasmo de sede cerebral que tive quando tentei ler mais sobre teorias totais e o filme do Efeito Borboleta.

Mas, se o raciocínio for um Pringles (que eu nunca tinha comido antes de Jaguarão), um Club Social ou qualquer bolacha que a gente come pra enganar a fome; eu acabo de quebrar ele, porque li os posts anteriores, porque já tinha me esquecido completamente deste lugar virtual e porque "alguéns" me deram tapas indiretos, diretos e repetitivos pra voltar pra isso.

Agora, eu estarei muito próximo de um choque anafilático:

1 - Postei um comentário sobre algo que me fez lembrar daqui de novo.
2 - Estou baixando um álbum de música catártica que não é o Pablo Honey do Radiohead, embora eu devesse deixar de ser preguiçoso e ouvir ele também.
3 - Li meus dois posts anteriores e ficou claro que o título deles deveria ser "Métodos para alargar sua corda-bamba subjetiva I e II".
4 - Não sei se estou escrevendo isso só para mim no mesmo sentido em que uso roupas específicas.
5 - Tirei a conclusão de que deveria enumerar motivos para voltar a escrever em um blog (eu tinha escrito, por engano, "blob". Até onde isso é uma bolha?) dentre os quais: esqueci.
6 - Ando MUITO esquecido.
7 - Ultimamente meu tempo tem sido gasto em algo que me dê mais segurança do que devaneios existenciais. Foi muito bom enquanto eu consegui manter o equilíbrio, a wa. Porém, eu não consigo manter as coisas regulares por muito tempo, sozinho. Páginas e páginas de figura de linguagem específica, literalismos e coisas específicas me deram alguma garantia. Mas quem nasce no pântano tem os dedos verdes, embora possa ter meias de todas as cores.
8 - Lembrei do 5. É melhorar a memória.
9 - Ainda na análise mnemônica: um dia cheguei tão cansado em casa, que quando estava lendo Xógum do Clavell, chegou uma parte onde o Toranaga fazia uma manobra política muito foda.
Daí eu pensei "Rá! Ele fez isso pra deixar os caras assim!!!". Só que depois eu não sabia se isso era uma dedução, ou uma memória minha porque já li o livro.
0 - É estranho como a literatura acadêmica dá mais dinheiro do que a de lazer, com muito menos leitores.
11 - Eu tenho coisas:
"Angela diz:
tem aqueloutros que você não postou né
safardana
Filipi diz:
e perdi
formatei a maquina
Angela diz:
puta merda
Filipi diz:
vou escrever
Angela diz:
eu tinha
Filipi diz:
tu tinha?
Angela diz:
alguns que tu me mandou
Filipi diz:
tu tem?
Angela diz:
mas meu note acaba de quebrar
quebrou geral
não sei se consigo recuperar
):"

Acho que quero ler isso. Na verdade sei que vou me sentir ridículo, como me senti ontem. Porém, sempre é bom.
12 - Tenho meu caderno de onde deveria tirar as coisas pra escrever aqui. Ele é ridículo e eu parei de escrever nele. Sim, eu sei que na verdade o ridículo sou eu, mas como ele é uma imagem minha, logo, eu acho que já sou ridículo de tabela pelo meu caderno ridículo que não tem culpa de ser o que é, coitado. Obrigado pela compreensão.
13 - Achei o caderno. Vou postar mais tarde a título de compromisso, nada mais!
14 - Agora parece que as idéias estão em ordem, começemos.

Mera amostra de coisas desordenadas, de capítulos de livros diferentes. É horrível o esforço que eu tenho que fazer para dar sentido pra isso tudo. Na SAB-Sul foi falado do caminho das pedras. O arqueólogo que se criou na academia através do curso de História. Desde o último post, 10 de Abril, parece que eu decidi isso. Serei arqueólogo. Nada contra as escolas e professores, mas prefiro me sujar com terra do que com pó de giz, embora isso também seja extremamente acalentador e sugestivo.

O fato é que fugi de mim mesmo desde lá. Não exatamente fugi, mas voluntariamente ia dedicando cada vez menos tempo à coisa até finalmente ela ficar tão pequena perto das outras, que eu não conseguia mais olhar pra ela. Conscientemente, ela sumiu. Inconscientemente ainda estava lá. "Aaaaah, então tu me esqueceu? Seu filho da puta, espera até..." Claro, não dei muita bola pra essa ameaça, era só mais uma voz no meio de "PROUS, 1992, pg 12", "olivancillaria contorduplicata, Linneau, pg 87", "o nível do oceano segundo FAIRBRIDGE, pg 591. (Fairbridge é um bom nome pra quem é especialista em elevações marinhas, aliás)". Só mais uma? A única.

Odeio ter certeza da minha inconstância nesse sentido. Não sei se vou sequer voltar a escrever de novo, mas seria muito injusto; acabei de fazer as pazes comigo mesmo. Será que guardarei mágoas de mim mesmo? Vamos ver. O fato é que houve um fato que gerou este fato atual. Como bom historiador que tenho a pretensão de ser, foi só a culminância de um processo. Mas que merda odeio ser tão intimista. E eu ainda tenho aquele velho problema, clássico, de aprender algo novo e reduzir tudo posterior à aquilo.

Argh, não estou conseguindo me explicar. Enfim, há momentos de maior passividade, sensibilidade, revolta; e agora é um deles, embora sejam todos juntos, sempre há um maior. E a partir desse maior nós (ou eu, sou tão diferente assim?) as coisas são encaixadas ou forçadas a isso. A funcionar sob essa "óptica". Grande agonia minha aliás, saber que estou perdendo dos outros quando um está em projeção. Sério, isso me angustia demais.

Então, quero ser arqueólogo, tio. Só que eu não precisava ligar o "foda-se" pra todo o resto. Mas precisei, achei que precisava, que ia me sentir melhor assim. E tio, foi incrível, por muito tempo deu certo, quando eu conseguia respirar. Fiquei fascinado: eu planejei algo que deu 100% certo. Mesmo apesar de grandes pesares que aconteceram, eu superei muito facilmente tudo. O que me levou a pensar que sou um insensível, coisa que não sou. Tudo andava nos trilhos como tinha que ser, sem estações, sem paisagens pela janela, fechado e enclausurado em livros, passagens e citações.

Mas, nada é estático. Normalmente eu agradeceria por isso, mas não dessa vez. Eu acho.

Seria melhor se não tivesse acontecido. Mas talvez, se não tivesse, no futuro eu poderia me lamentar por não ter me sentido vivo. É uma das coisas que cobra mais caro, mas que recompensa sem igual, se sentir vivo. Bem, algumas pessoas já sabem, então não vou entrar nos devidos méritos, mas estou desconcertado e tão tacanho quanto antes do suposto "equilíbrio". Minto, houve sim um equilíbrio, eu me sentia bem com as pessoas e elas se sentiam bem comigo, e foi uma das raríssimas vezes que tive certeza disso. É, certas coisas não dá pra negar.

Bem, fui claramente influenciado, mas tinha que escrever mais fatos. De qualquer modo eu estou mais factual. Voltei a ler literatura de lazer e isso me aliviou muito, um dos motivos pras palavras voltarem a dançar na minha cabeça. Fato é que há uma situação com a qual não consigo lidar com segurança e isso me tortura um pouco. Fato é que quando isso me acontece eu sei como reajo e não é lá muito bom, mas me sinto realmente bem. Estou vivo, por esse lado é excelente. Fato é que preciso construir compartimentos e separar mais as coisas.

Chega, por hoje chega. Falta matutação. As idéias estão opacas demais.

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