terça-feira, 9 de novembro de 2010

Dentes Tortos Sempre Estão Errados

Eu REALMENTE não queria que isso (o blog) se tornasse o que se tornou. Era pra que houvesse, sim, expressão. Mais de uma pessoa e eu mesmo me dizem que eu escrevo bem. Isso não é educado, mas sincero, sim, concordo. Entretanto cavalheiros, isso requer vontade e inspiração. E essas coisas nunca andam juntas no que concerne a mim. Hoje, eu abro mão de tentar tornar isso um espaço mais literário e vou começar... Melhor não pontuar nada. Nunca termino o que começo. Mas esse post vai ser o contrário do que queria que fosse: puramente fossal e auto-biográfico, que no meu mundo querem dizer a mesma coisa.

Na verdade eu tenho medo de que as pessoas por um acaso divino saibam desse lugar e leiam isto. Mas em parte, isto aqui que eu vou vomitar é para elas. Não sei se é auto-piedade, pode ser que tenha um pouco. Todavia prefiro imaginar que vou escrever e mandar lavrar isso no cartório pra depois abrir um buraco na parede e cimentar. Tenho vergonha. Foda-se não vou saber explicar. Só estou jogando constatações para cima, achando que elas são pedaços da verdade. Melhor pôr o dedo na garganta de uma vez.

O pior no tocante a momentos é a consciência deles. Eu estava bem até mais ou menos a época do teatro de LIBRAS. Acordava de manhã muito bem disposto. (Estou tentando desistir de escrever nesse exato momento, se as frases ficarem mais desconexas do que já estão, ignore) Me vestia, tomava o meu café-da-manhã de 30 segundos, escovava os dentes e ia pegar dois ônibus com um sorriso na cara, lembrando as piadas que haviam sido feitas no outro dia. Eu até planejava piadas pro pessoal do laboratório. Eu tinha metas, ainda tenho elas, pelo menos as mais distantes que só dependem de mim. Mas coisas mais urgentes, que sempre receberam esse rótulo da minha parte, pareciam ter sumido. Era isso. E eu sabia.

Eu gostaria de ser mais explícito, mas não posso. Não tem porque nenhum, não posso e deu. Só sei que aconteceu e eu saí da órbita, totalmente. Não foi de uma hora pra outra. Eu tentei resistir ao inverno russo. Mas eu sentia que estava ficando cada vez mais amuado e taciturno. O que antes eu conseguia me dedicar, sentar a bunda, fazer e ainda depois ir jogar bola, eu já não consigo. O último estertor foi o levantamento das fontes que serviam na minha pesquisa, oriundas de uma listagem de 5000 livros. Fiz ela em três tardes, pesquisando em duas instituições e dois sites de sebos virtuais. Tenho orgulho dessa última resistência, guardei um lugar especial pra ela nas minhas memórias.

Depois, degringolou. Não tinha mais como evitar a percepção dos meus colegas de laboratório. Me sinto culpado por estar preocupando eles com meus problemas. Se eles soubessem que eu faço tempestade em martelinhos d'água, ririam de mim. Com razão, mas eu ia me irritar. Pra mim é algo sério demais, embora seja extremamente infantil pra um cara com 22 anos na cara. Sou assim, meus dentes são tortos e eu nunca me preocupei em arrumar eles. Acho que afastei muitas pessoas por causa disso e isso me fez mal. Algumas foram, e eu não queria que fossem. Outras que mereciam ir hoje merecem uma segunda chance.

Um teste na internet disse que eu sou muito sensível. Eu já sabia, mas precisava da internet pra me confirmar. Perdi o apetite. É sempre a primeira manifestação. Quem se alimenta mal, trabalha e estuda mal. Acorda mal. Dorme mal. Pensa mal. Já era tarde demais pra me debater. Como já aconteceu antes, só me deixei levar pelo caos. Voltei a fumar com tudo. Segunda agora, chego atrasado na faculdade, na hora do intervalo. Coopto o Feio, coitado, a matar o resto da aula e ir beber comigo. Ele reluta, mas vai. Cara, só até as 11 horas que eu quero pegar meu material. Ok. Dali a seis garrafas de cerveja o Bob me liga. "Ô meo! A aula acabou, tô com as coisas do Feio". Tá bom, já vamos, só mais uma pra finalizar. Comendo mal e pesando 55 quilos dá pra imaginar o meu estado.

Chego no laboratório fedendo a cerveja e a cigarro. Falo qualquer coisa com as pessoas por um tempo etéreo e deito na minha mesa. Durmo profundamente por uns 20 minutos. Acordo muito mal. Resolvo ir pra casa de carro. Apesar de estar muito bêbado, chego em casa em um só pedaço. Depois de almoçar um miojo eu durmo, quando acordo, sinto remorso. A verdade é: estou me destruindo. Talvez no próximo trago eu não chegue em casa, mas isso não me apavora. Agora eu já liguei o foda-se.

Não preciso temer que a fossa aumente. Hoje, chegou no último estágio. Não tem mais como piorar e isso me alegra. Também trouxe a resolução de outros problemas relacionados a isso. Mas sigo em frente, firme, no calvário. Por algum tempo não há solução, a solução é dizer que isso faz parte da vida e se sentir vivo. Talvez meus dentes tortos tenham estragado tudo, mas acho difícil. Foi uma briga totalmente desigual.

Tudo isso que eu escrevi agora ficaria sem sentido nenhum se eu não falasse deles. Amigos, o que eu seria sem eles? Nada. Se não fosse por pessoas assim, talvez hoje não estivesse escrevendo isso. Sério. Um deles conseguiu me fazer sorrir hoje e outro me deu a inspiração pra que tudo isso saísse da minha cabeça. Mesmo forçado do jeito que foi. Eles me dizem pra arrumar meus dentes. Acho que estou me convencendo, mas vai doer. Vai doer pra burro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário