sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A ordem das coisas

Certas coisas nunca mudam. Nós é que mudamos.

Com essas frases pseudo-filosóficas, começo a lembrança das peripécias dos últimos dias. Convém lembrar que isso não tem sentido nenhum. Abri a aba e me deu vontade de escrever. Sorte que quem não vai ler isso. Bueno, por mais que eu quisesse que me devolvessem o passado, acho que ia pegar ele na mão, olhar e devolver. "No, thanks". Certamente ia sentir uma satisfação calhorda em fazer isso, mas é verdade, não troco o hoje por nada e esses devaneios pretéritos se foram, adiós.
Só servem pra me lembrar do caminho até o agora.

Eu tinha um texto escrito assim também, meio no grito das idéias e dos dedos. Xô ver se tá salvo. Ah, tá aqui: (PS: não vou gastar isso aqui, sorry. Já tem destino, CEP e horário).

Me olho no espelho e digo: "you're not more single". Não esperava, não esperava mesmo. Logo de saída, já cometi uma traição. Cigarros que seriam fumados e garrafas que seriam entornadas, me perdoem, mas vocês foram trocados. Não que eu não ame mais vocês, mas as coisas mudaram e vocês sabiam que isso ia acontecer (e não me avisaram). Soltem fumaça e tampas por aí na boca dos outros, não me importo, estão livres. É triste, mas eu sentia um certo entusiasmo por essa lenta decadência que eu ia construindo pra mim. Cedo ou tarde ia largar as coisas que me distanciavam disso e ia me dedicar ao clichè do artista não reconhecido, que eu sempre invejei. Aí que tá o mais bizarro de tudo: eu sinto saudade do que não tive.

Bueno, se há saudade do que não foi, é porque não poderia ter sido. Pequenas atitudes movem o Universo. Depois do meu fracasso, que não é decisivo, veja bem, na tentativa de entrar pra Oficina do Assis Brasil ficou claro que ainda não é momento pra isso. Se houver algum momento pra isso no futuro. Depende de você, diria Sartre. Eu sempre concordei com o careca hilariamente estrábico, mas hoje é difícil acreditar que realmente sou senhor de mim mesmo. Não sou. Sempre quis ter alguém para viver e me preocupar, olha aquele texto antigo lá! Olha che; tu vai dizer que é mentira agora? Hein? Vai dizer? Diga, minta pra si mesmo como eu minto pra mim todos os dias. Minto sim, e chego no fim de cada um desses dias descobrindo com todo o prazer que a mentira era só uma mentira, ajudado pela minha cama vazia. Hoje, com as cobertas meio tristes, a mentira foi um pouco de verdade, mas a verdade é as cobertas não vão ser tristes como já foram.

Chega disso, eu sempre perco o controle dessas coisas. Uma hora vou vomitar tudo mesmo, de verdade e aí eu quero ver o que sobra de mim. Grande medo esse. As mutações estão acontecendo de forma muito veloz comigo. O que ontem era montanhoso e monolítico hoje é uma barra de manteiga no verão. Era inevitável, admita. Por outro lado é bom, só as coisas minhas mais fortes e realmente enraizadas vão ficar, levantando o piso novo com as raízes. Vida. Tenho certeza que ela vai combinar perfeitamente com esses novos azulejos que me deram.

As coisas todas estão aí, esperando que eu dê um significado novo pra elas depois do que me aconteceu. Elas sabem que aconteceu. Ficam me olhando estáticas, esperando uma resposta. E agora meu Deus? Não quero magoar ninguém. Acho melhor ir falando com uma de cada vez. Estudos, desenhos, amigos, trabalho, pais, natureza e todo o resto que era tão sólido dentro de mim, tem toda a razão de se sentir injuriado agora. Eu mudei, então elas também mudaram. E elas não sabem o que fazer se eu não me mexer; elas se movem comigo. Esperem, calma. Uma de cada vez.

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